quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

"Salvando" um voo com desempenho negativo (ou nem tanto)

 

Um dia destes eu me encontrei lembrando de uma questão com a qual muitos analistas/especialistas de YM/RM de empresa aérea se deparam e ficam com dúvidas sobre como lidar com ela.

Um determinado voo ou uma determinada leg (etapa) não consegue ter um desempenho positivo. Não importa o que o analista ou especialista faz, só gerando indicadores baixos. Algumas vezes a única solução que enxergam é o cancelamento das datas com menores taxas de ocupação ou até mesmo a sua retirada definitiva da malha.

Calma! Não é preciso tanto. Antes de uma decisão radical destas, é necessária uma análise ampla e cuidadosa do objeto em questão.

O primeiro passo que costumo tomar é uma mudança no gerenciamento do inventário. Mesmo que haja um sistema de otimização, não acredite nele. Não tome o padrão utilizado como verdadeiro, pois o sistema é pura matemática e não consegue enxergar certas nuances no comportamento da demanda e suas peculiaridades. Assim sendo, costumo "tomar o manche" pra mim e ter olhos mais atentos ao comportamento da demanda e alterando a disponibilidade das subclasses constantemente, olhando para o voo de quatro a seis vezes por dia. Só desta forma é possível entender melhor como a demanda se comporta em cada dia da semana. Muitas vezes só esta ação resolve o problema. A partir daí será possível ajustar a forma de gerenciamento deste inventário tanto se manual como se feito por um sistema, que, neste caso, bastará reajustar as configurações. Afinal, a busca pelo prefeito equilíbrio na gangorra Yield X LF% é o sucesso da otimização da receita em qualquer voo.

É claro que somente isso pode não resolver. Por isso, em paralelo ao processo anterior, é preciso efetuar algumas análises e estudos acerca deste voo ou leg. Talvez a mais importante seja calcular a contribuição deste trecho na alimentação das O&Ds e sobre toda a malha da companhia. A contribuição é o quanto ele impacta na rentabilidade e no desempenho das origens e destino que passa por este trecho bem como na de toda a malha aérea da companhia. Este resultado servirá como um dos fatores decisivos na hora de escolher fazer alguma alteração como horário, rota, cancelamento parcial ou cancelamento total.

Outras análises necessárias são comparações com a concorrência. Neste caso deve-se estudar e comparar dados como estruturas tarifárias, horários de chegada, tipo de equipamentos, etc. A análise dos horários é mais válida quando acompanhada de conhecimento do tipo de demanda que atua naquele segmento ou trecho. É sempre necessário saber os motivos de viagem para os destinos, desta forma podemos entender o comportamento da curva de reservas e cancelamentos, quanto os passageiros estão dispostos a pagar e de que forma, além da preferência de horários de chegada e preferência por tipo de aeronave entre outros.

Estas são algumas ações e análises que devem ser seguidas antes de decidir entre retirar o voo da malha, alterar o horário de chegada, mantê-lo no prejuízo desde que participando com grande contribuição para o restante da malha como um importante alimentador. Ou, no fim, apenas mudar a maneira de gerenciar o inventário a partir de uma melhor compreensão do comportamento da demanda.

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